A presidente Dilma Rousseff fez 12 vetos e 32 modificações ao novo Código Florestal, informaram nesta sexta-feira (25) os ministros da Advocacia Geral da União (AGU), do Meio Ambiente, da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário.
O prazo para sanção do texto, que
trata sobre a preservação ambiental em propriedades rurais, vencia nesta sexta.
Para suprir os vácuos jurídicos deixados com os vetos, a presidente Dilma
Rousseff vai assinar uma medida provisória que será publicada na segunda-feira
(28) no "Diário Oficial da União" juntamente com o Código Florestal,
informou o ministro da AGU, Luís Inácio Adams.
"São 12 vetos, são 32
modificações, das quais 14 recuperam o texto do Senado Federal, cinco respondem
a dispositivos novos incluídos e 13 são adequações ao conteúdo do projeto de
lei. Uma medida provisória deverá ser publicada em conjunto com a publicação
dos vetos na segunda-feira", afirmou Adams.
No Congresso, ministros de Dilma
participaram das discussões para o texto aprovado no Senado. No entanto, o
projeto foi modificado na Câmara em uma derrota imposta ao governo pela bancada
ruralista.
Artigo vetado
Entre os artigos vetados está o
que aborda a recuperação de matas em Áreas de Preservação Permanente (APPs),
que são os locais vulneráveis, como beira de rios, topo de morros e encostas. O
tema foi um dos mais polêmicos durante a discussão no Congresso.
O primeiro texto aprovado na
Câmara previa redução dos atuais 30 metros para 15 metros de recuperação de
mata para propriedades com rios de largura de até 10 metros, mas deixava a
cargo dos estados a possibilidade do que poderia ser plantado em APPs. Depois,
o Senado voltou a alterar para obrigar a recomposição em pequenas propriedades
em até 20% da propriedade e estabeleceu recuperação de 30 metros e no máximo de
100 metros para propriedades maiores do que quatro módulos fiscais - o módulo
varia entre estados de 20 a 440 hectares.
Quando o texto voltou à Câmara, o
relator do projeto de reforma do Código Florestal, deputado Paulo Piau
(PMDB-MG), retirou os percentuais mínimos de recuperação das APPs e deixou a
cargo dos estados a faixa de recomposição. Isso era interpretado como uma
possível anistia a desmatadores, porque poderia liberar quem suprimiu vegetação
de recuperar as matas. Em razão disso, o artigo foi vetado pela presidente
Dilma.
Pela proposta nova do governo,
voltam as faixas de recuperação, sendo que cada tamanho de propriedade terá uma
faixa diferente. Para propriedades de até 1 módulo, serão 5 metros de
recomposição, não ultrapassando 10% da propriedade. Para propriedades de um a
dois módulos, a recomposição é de 8 metros, até 10% da propriedade. Os imóveis
de dois a quatro módulos terão de recompor 15 metros, não ultrapassando 20% da
propriedade. Acima de quatro módulos, a recuperação deve ser entre 30 metros e
100 metros.
"Os grandes têm grande
extensão de propriedade e têm condição de recuperar todas as áreas de
preservação permanente", destacou a ministra do Meio Ambiente, Izabella
Teixeira.
Segundo a ministra do Meio
Ambiente, 65% do total de imóveis rurais no Brasil têm até 1 módulo fiscal e
ocupam apenas 9% da área agrícola do país. As propriedades com mais de 10
módulos rurais, por sua vez, representam 4% do total de imóveis do país, e
ocupam 63% do área produtiva agrícola.
Motivos dos vetos
Izabella Teixeira destacou que a
insegurança jurídica e a inconstitucionalidade levaram aos 12 vetos. Ela falou
que o objetivo foi também "não anistiar o desmatador, preservar os
pequenos e responsabilizar todos pela recuperação ambiental".
"O veto é parcial em
respeito ao Congresso Nacional, à democracia e ao diálogo com a sociedade. Foi
motivado, em alguns casos, pela segurança jurídica, em outros pela
inconstitucionalidade."
"O Código não é dos
ruralistas nem dos ambientalistas, é o código dos que têm bom senso",
completou o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro.
Para o ministro do
Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, "não vai haver anistia" com o
novo Código Florestal.
"Estamos dizendo que não vai
haver anistia para ninguém, todos terão que contribuir para a recomposição de
áreas de preservação permanente que foram utilizadas ao longo dos anos, mas
estamos dizendo que essa recomposição vai levar em consideração
proporcionalmente o tamanho da propriedade. Estamos estabelecendo um princípio
de justiça."
Saiba mais em:
http://g1.globo.com/politica/noticia/2012/05/presidente-dilma-vetou-12-artigos-do-novo-codigo-florestal.html
http://g1.globo.com/politica/noticia/2012/05/presidente-dilma-vetou-12-artigos-do-novo-codigo-florestal.html
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